A palavra de José de Matos-Cruz:
CAPTAIN Easy surge na banda desenhada duma forma insólita —
em 1928 ao lado de Wash Tubbs, personagem humorística lançada por Roy Crane em
1924. É tal o sucesso que, em 1932, este antigo gun-man e agente especial da U.
S. Air Force se converte em titular da série.
Crane acentua-lhe a feição aventurosa e, de futuro, Easy
ascende a braço direito dum influente industrial, sobressaindo finalmente a sua
vocação detectivesca. Crane abandona-o em 1943 (para criar Buzz Sawyer),
continuando a saga Leslie Turner e, mais tarde, a dupla Croock & Lawrance.
Ao longo dos anos, Captain Easy tem sofrido múltiplas
variações, para além do nível biográfico e heroico, quer no tocante aos intervenientes,
quer mesmo no que concerne ao universo ritual onde decorre a aventura —um pouco
por todo o mundo em crise.
O episódio que hoje se publica, de 1971, salienta-se desde
logo pela história bem urdida, interessante nas suas implicações socio
criminais: é, desde logo, para vingar um ladrão profissional, aparentemente
desaparecido, que se entende fazer justiça...
Para além desta intimidade entre a delinquência e os paladinos,
é pela denúncia exemplar dum milionário e seus caprichos de colecionador, que
se estabelecem as ligações entre a alta finança e a corrupção instituída, de
que a Mafia é a expressão mais organizada.
De sublinhar a fidelidade ao estilo gráfico original: um
traço algo tosco e caricatural, mas resultando a ilustração agradável e com
subtil requinte, graças à reticula seja, pela utilização da cartolina crafting
de que, consabidamente, Crane foi um pioneiro e Turner, com ele, um mestre.
Embora dando título à série, Captain Easy vê-se — agora —
surgir como figura subsidiária, privilegiando-se a companheira Ducey Wilde,
devido às características do enredo...
Easy irrompe, todavia, num momento culminante, após a alteração desconcertante dos pressupostos dramáticos.
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